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Quem são esses homens que adotam nomes de mulher, recusam suas características masculinas e transformam seus corpos com eletrólise, hormônio e silicone? Quem são suas famílias e seus amores? Como lidam com o preconceito, a curiosidade, o desejo e a expectativa de transeuntes, fregueses, vizinhos, familiares e companheiras da aventura existencial? São essas, entre tantas outras, as perguntas que orientaram o percurso do antropólogo Hélio R. S. Silva entre os travestis da Lapa. Em Travestis – entre o espelho e a rua, ele descreve os personagens que encontrou e as muitas histórias que ouviu – de vida e de morte, amor e violência, realização e degradação, prazer e frustração – durante dois anos de pesquisa de campo no bairro carioca, reduto da boemia e da malandragem.
O autor relata as histórias colhidas na pesquisa e mostra que o fantasma da Aids é apenas um dos muitos dramas vividos por esses personagens no cotidiano urbano. O livro traz ainda um levantamento da representação do travesti no cinema e em programas de televisão ao longo dos anos e um prefácio assinado pelo antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares, que destaca a importância da obra para a etnografia urbana e a literatura contemporânea brasileira. Além de discutir identidade e desejo entre este grupo social tão estigmatizado, Travestis – entre o espelho e a rua ainda tem o mérito de trazer à tona possibilidades de tolerância e de convivência.