Seu carrinho está vazio no momento!
Autor vencedor do Prêmio Camões (2000) e do Prêmio Machado de Assis (2008).
"Será que não representamos uma ópera de fantoches, os fios movidos por ignota mão, que segue libreto de um deus que dele não cuida mais?" – pergunta Ismael da Silva Frade, poeta e funcionário de cartório, ao escritor João da Fonseca Nogueira em Ópera dos fantoches.
Os dois encontram-se num bordel em Duas Pontes — o vilarejo mineiro recorrente nas obras de Autran Dourado — e, sob o pretexto de inspirar João na criação de um novo livro, Ismael conta sua história, que começa na Fazenda dos Mamotes, em Cercado Velho, por volta de 1920. Relembra a infância, os morros e torres de igreja onde ia em busca de refúgio, a família conservadora, que cultuava os mortos em macabra adoração, as acusações do pai, que o chamava de "vagabundo" por querer apenas fazer gaiolas e versos, e a doce irmã Ursulina e a prima Tarsila, que, juntos, costumavam banhar-se nus, no açude.
A morte da irmã por afogamento, aos nove anos de idade, e os desejos incestuosos que nutria por ela marcaram tanto Ismael que sua vida foi pontuada de indecisões, das quais a principal vítima foi Paula. Filha de uma ex-prostituta e enteada de um homem sempre bêbado, ela conviveu com a indiferença e o preconceito de todos. Depois de uma noite de amor nas ruínas de uma igreja abandonada, Paula envia uma carta a Ismael pedindo que a encontrasse de madrugada na estação de trem. A determinação era fugir de Cercado Velho, cidade que odiava, para tentar a sorte em São Paulo. Caso ele negasse, seguiria sozinha.
"Minha vida daria um romance?" – pergunta então o poeta a João. A resposta está na elogiada obra deste premiado escritor.