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No dia 16 de abril de 2014, uma portaria do Diário Oficial da União comunicava a revogação da aposentadoria do “servidor Newton Hidenori Ishii, Agente de Polícia Federal, Classe Especial”. A decisão poderia ter sido apenas uma inoportuna interrupção no descanso do ex-policial, não fosse por um detalhe.
Um mês antes, no dia 17 de março, a Polícia Federal tinha deflagrado a Operação Lava Jato. Lotado na Superintendência da PF em Curitiba, de onde partira a ação, Newton logo faria sua estreia na operação, integrando a escolta que conduziu Paulo Roberto Costa a Brasília, em setembro, para depor na CPI que investigava desvios de dinheiro na Petrobras.
O policial ainda desfrutava do anonimato quando foi escalado para prender outro ex-diretor da estatal, Nestor Cerveró, em janeiro de 2015. Em julho, porém, a imprensa começou a reparar no agente sisudo, sempre de óculos escuros, presença constante ao lado dos figurões que eram conduzidos à prisão na capital paranaense. Nascia, assim, o “Japonês da Federal”.
Testemunha privilegiada daquela que seria considerada a maior operação de combate à corrupção no país, Newton logo virou um de seus principais personagens. Como chefe da carceragem por onde passaram nomes como Eduardo Cunha, Antonio Palocci, José Dirceu e Léo Pinheiro, Newton acumulou histórias que revelam a adaptação de antigos caciques políticos e megaempresários ao dia a dia atrás das grades, bem como suas confissões sobre as engrenagens das falcatruas no Brasil.
Foi no papel de interlocutor entre Newton e o jornalista britânico Jonathan Watts que o autor Luís Humberto Carrijo teve acesso a muitas dessas histórias – algumas reveladas apenas “em off” e trazidas a público pela primeira vez. Outras tantas surgiram de depoimentos exclusivos dos ex-encarcerados Marcelo Odebrecht, Alberto Youssef, Renato Duque e Adir Assad – gratos pelo tratamento justo do ex-agente durante suas “temporadas no inferno”.