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É inverno e o aquecedor está com defeito. Célio resolve não tomar banho naquele dia – e tampouco nos que se seguem. Justificada pelos mais sensatos princípios da economia de recursos hídricos e por considerações eruditas sobre a história da higiene pessoal, a decisão inusitada funciona também como um exercício mínimo de liberdade, resolução íntima de alguém que se descobre sem controle sobre as coisas mais importantes da própria vida. Abandonado pela namorada, atormentado pela crise de meia-idade do pai e pelo câncer da mãe, Célio faz da vida sem banho um projeto pessoal a ser realizado com zelo exemplar.
Bernardo Ajzenberg, premiado com Ficção do Ano pela Academia Brasileira de Letras por A Gaiola de Faraday(2002) e finalista do Prêmio Portugal Telecom por Olhos secos (2009), entre outras distinções, fala em seu novo romance, com fluidez e generosas talagadas de humor, sobre pequenas decisões que têm grandes consequências, laços de afeto que se formam e desfazem numa vida, a diferença entre quem somos e quem gostaríamos de ser (mas nunca fomos). Entre os relatos de Célio, de sua namorada e do advogado da família, o amargurado Wiesen, uma ampla galeria de figuras excêntricas se revela a partir de pontos de vista cambiantes, e seus dilemas pessoais assumem um sentido inesperado ao se entrelaçarem com alguns dos momentos mais decisivos da história brasileira.
A ditadura, o nazismo, uma pia de mármore, a venda de uma casa em Itu – a partir da reunião habilidosa desses e de outros elementos aparentemente disparatados, Ajzenberg monta um inventário ao mesmo tempo divertido e comovente dos impulsos, aflições e azares de que é feito o nosso destino.
Bernardo Ajzenberg ganhou o prêmio Casa de las Américas na categoria literatura brasileira por Minha vida sem banho, além de ser semifinalista no prêmio Oceano.