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Em Malasartes, Augusto Pessôa reuniu doze contos protagonizados pelo matuto personagem Pedro Malasartes, colhidos em suas pesquisas sobre o folclore brasileiro. Na apresentação, ele lembra que Malasartes está presente nos relatos de folcloristas como Câmara Cascudo, Basílio de Magalhães e Sílvio Romero, entre outros, "sempre apresentado com os clichês do típico homem do povo: magro, amarelado, aparentemente fraco e feio". Sua distinção dos heróis tradicionais da literatura é que, ao contrário destes, que têm como meta vencer os poderosos e alcançar a felicidade através do casamento e da fortuna, Malasartes vive de pequenas espertezas e busca apenas seu prazer imediato. "Ludibria os poderosos com sua astúcia não para tomar-lhes o lugar ou a fortuna, mas para conseguir uma soma de dinheiro que garanta sua diversão", diz o autor. E depois de torrar os tostões, ele sai em busca de novas aventuras.
Pois este personagem que está mais para um anti-herói nacional é protagonista de boas e divertidas histórias. No livro, ilustrado com maestria por Roberta Lewis, as melhores peripécias do camarada Pedro são recontadas em verso e prosa, ao sabor da tradição popular. Contos como "Um emprego para Malasartes", "A árvore que dava dinheiro", "Sopa de pedra" e o surpreendente "Malasartes no céu", em que o matuto engana São Pedro, e tantos outros presentes no livro, comprovam a sagacidade do caipira e mostram como a cultura popular ainda tem muito o que contar para as novas gerações.