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Uma das principais representantes da literatura policial brasileira contemporânea, Patrícia Melo troca o caos da grande metrópole pelo ensolarado Pantanal mato-grossense. Em Ladrão de Cadáveres, a autora faz uso de seus diálogos contagiantes e certeiros e do ritmo cinematográfico de sua prosa para narrar uma trama de suspense e violência, a um só tempo divertida e chocante.
O livro conta a diabólica aventura de um ex-gerente de telemarketing despedido depois do suicídio de uma funcionária. A moça havia sido agredida por ele, dias antes, num momento de descontrole. Execrado, abatido e sem rumo, ele troca São Paulo por Corumbá, em busca de uma rotina menos estressante. Mas o acaso acaba pregando uma de suas peças no nosso (anti)herói. Durante um passeio solitário à beira do rio Paraguai, ele testemunha a queda de um monomotor pilotado pelo jovem herdeiro de uma das maiores fortunas da região. Dentro da cabine, o piloto está morto. Ao lado do corpo, uma mochila com um pacote de cocaína. Sorte ou revés? A partir daí, o que se vê é o despertar do pior lado de um ser humano, em uma história que mistura ganância, crime, sexo e mentiras. O que começa como boa ação acaba se transformando numa sucessão de equívocos e jogadas do destino que envolvem o protagonista cada vez mais no violento universo do narcotráfico e numa sinistra teia de crime e morte.
A autora nos brinda com mais de seus marcantes e degenerados personagens, um indivíduo que anda na corda bamba sob o farol da esperança de enriquecer da noite para o dia, livrando-se de uma vida fracassada. Como Robert Louis Stevenson, no clássico livro cujo título inspirou este romance, Patricia Melo escava os meandros da mente humana, onde parece não encontrar nada além de cinismo, violência e indiferença.
O livro Ladrão de cadáveres, de Patrícia Melo, recebeu o Deutscher Krimi Preis 2014 na categoria international.