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O Reizinho do morro do Berimbau tem 11 anos, se chama José Luis e não vai à escola há seis meses. Recebeu o primeiro salário e o primeiro tiro, dado pelo próprio chefe, praticamente ao mesmo tempo. Como tantos, é filho de empregada doméstica e seu maior desejo é comprar um tênis de marca. Sonha acordado com um pai branco que o leva para passear, mas sabe que o verdadeiro era negro, bebia e abandonou a família. Não consegue ver graça no vôo das pipas, mas, sim, no dos urubus.
No Berimbau, Reizinho não é rei de nada. Trabalha como olheiro junto com outros garotos da sua idade na quadrilha de Miltão – este sim o soberano do morro. Subindo ruas de terra batida, entre piolhos, trambiques, gente boa, escroques, costureiras, babás, fofocas, crianças e submetralhadoras, José Luis experimenta o cotidiano caótico da favela.
Essa típica paisagem carioca – com suas cacofonias de gargalhadas, televisão, latidos e tiros – é reproduzida com minúcia pela paulista Patrícia Melo. Em “Inferno”, a autora nos conta a saga de um traficante: de olheiro a bandido mais procurado do Rio, de Reizinho a dono do morro. Retrato contundente da tragédia social brasileira e da infância perdida no crime, o romance sagrou-se vencedor do Prêmio Jabuti de 2001.