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Às vésperas da indicação do candidato do PSD à presidência da República, Carlos Lacerda declarou na televisão: “Juscelino não será candidato, se for candidato não será eleito, se for eleito não tomará posse, se tomar posse não governará”. No dia seguinte, na sede carioca do partido, JK deu a resposta: “Deus poupou-me o sentimento do medo”. Foi um delírio. A assistência não parava de aplaudir, de gritar. JK foi candidato, foi eleito, tomou posse, fez o que muitos consideram o maior governo que o Brasil já teve. Hoje, Autran Dourado lembra com simpatia o episódio em seu livro Gaiola aberta - Tempos de JK e Schmidt. A frase não era de Juscelino, mas dele, que ajudava o poeta Augusto Frederico Schmidt a preparar os discursos do criador de Brasília. Schmidt perguntou a Autran se o homem de Diamantina tinha mesmo toda a coragem “que arrotava” e o romancista afirmou: “tem sim! Pode escrever esta frase aí”. O lançamento de Gaiola aberta é um momento para a História, pois Autran Dourado ganhou de maneira extremada a confiança e a intimidade de Juscelino. Muitas vezes despachava com ele à beira da banheira, o presidente em pleno banho. Há décadas, os amigos insistiam para que Autran escrevesse suas memórias, capazes de remexer em dolorosas feridas e arrepiantes pormenores dos bastidores do Poder. O romancista recusava, dizendo que não guardara documentos e, assim, não poderia provar o que contasse. Mas acabou sendo convencido, com o argumento de que, ao lançar o livro, ele já estaria morto ou velho demais, portanto acima das contestações.