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No dia 13 de janeiro de 1937, por iniciativa de amigos e graças à ajuda do advogado Sobral Pinto, Graciliano Ramos livrou-se da prisão, após quase um ano encarcerado. O que teria sentido o autor de Vidas secas ao arriscar os primeiros passos em liberdade? O fato é que Graciliano jamais escreveu uma linha sequer sobre o período que se sucedeu à soltura. Mas deveria ter escrito – pensa o poeta, escritor, crítico e professor Silviano Santiago que, em uma das mais originais viagens literárias de nosso tempo, aventurou-se em imaginar o que Graciliano teria anotado em um diário a respeito do que viu e viveu nos primeiros três meses fora das grades.
No livro Em liberdade, Santiago apresenta uma ficção "alterbiográfica", recriando Ramos política e existencialmente. Para mergulhar nesta história, ele estudou durante quatro anos a vida do escritor alagoano, sua obra, pesquisou jornais, revistas e livros da época e consultou mapas do Rio de Janeiro de então. "A partir deste material deixei que minha imaginação delirasse. Para mim foi uma coisa mágica, como se eu estivesse psicografando", conta ele.
Em liberdade foi considerado pelo crítico literário Fábio Lucas – em matéria no Jornal da Tarde – uma das obras que melhor representa a ficção, a poesia e a ensaística brasileiras do século XX. Também um conjunto de críticos da Folha de S. Paulo, há algum tempo, listou o livro entre os dez melhores romances brasileiros dos últimos 30 anos. Para Santiago, o livro é um mergulho na realidade brasileira. "Uma tentativa de integrar o Brasil, levando em conta seu dilaceramento", afirma ele. Desde quando foi publicado Em liberdade tem suscitado diversas interpretações. A reação da crítica foi entusiástica e salientava a audácia da proposta ficcional.
O romance pode ser apreciado ainda hoje por essas questões que permanecem atuais e instigantes, oferecendo um primoroso retrato histórico do Brasil.