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Corra, a vida te chama é um retorno à infância oculta. E nele o doutor Boris Cyrulnik revela a todos o que, como menino judeu, teve de ocultar durante anos por medo de que não acreditassem nele. Sempre que tentava falar de sua “evasão”, aos 6 anos, da igreja em que fora agrupado com outras crianças e adultos para ser deportado para alguns dos destinos que bem sabemos, temia que parecesse inverossímil. E então na maior parte das vezes se calava, falando sem cessar de mil outros pormenores, até para esconder no fundo de si mesmo o trauma.
E que impacto tem hoje tal revelação compartilhada por um médico tão devotado a cuidar dos sofrimentos da alma alheia! Ao estabelecer o conceito de resiliência, ele não busca enternecer, mas demonstrar que é possível curar ou atenuar as perturbações ligadas a sofrimentos profundos.
Cyrulnik conta; mas não o faz de modo linear como se narrasse uma simples história. Ele quer que este relato sirva a outros, e faz de cada lembrança de sua infância, passada durante a Segunda Guerra Mundial e após, um espaço para melhor explicar todas as situações da alma que afetam as crianças submetidas a traumas semelhantes: o da separação brutal dos pais, o da vivência em orfanatos ou em casa de famílias estranhas, o de ligações afetivas bruscamente rompidas, o do abandono.
Este livro é uma lição de coragem e de generosidade por um homem, um médico, um escritor que é um exemplo da vontade de viver.