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O poeta e advogado Tomás de Sousa Albuquerque tem diante de si o camafeu que pertenceu à adorada mãe. É a inspiração indispensável para escrever sobre a tragédia pessoal que a vida amorosa lhe proporcionou. Influenciado principalmente por Stendhal e Goethe, Tomás deixa para a posteridade um verdadeiro tratado sobre a desilusão e o amor, na forma de um dossiê, escrito na cidade mineira de Duas Pontes, seu último refúgio. Sofia, a viúva, leva os originais para apreciação do escritor João da Fonseca Nogueira, que resolve procurar um editor e publicá-los.
O caderno entregue a João são as confissões do título desta obra de Autran Dourado, cuja hábil narração em primeira pessoa constrói um personagem angustiado, símbolo da utopia no amor e de algumas de suas facetas, cada uma com um nome feminino. Amélia, Alma, Teresa, Beatrice, Beatriz, Izabel, Margarida, Carolina e Angélica são as mulheres que colaboram para a dúvida do protagonista: identificar se com a trágica figura mitológica de Narciso ou com o atormentado e suicida Werther? Para o doutor Tomás, não importava tanto a beleza das amadas, mas sim a semelhança física com a imagem eternizada no camafeu, e o encaixe de uma ideia que encontra em todas as suas amantes pontos de confluência, silenciosa e minuciosamente dissecados nas memórias do personagem.
Freud, Don Juan e Platão também servem de reflexão e ajudam o protagonista a desenvolver a sua história, marcada por dilemas, desafetos e desencontros. Em cada experiência ele procurava a mais perfeita criatura, a impossível e pura beleza original, cristalina, eterna, edênica. E encontrava a desolação de não conseguir levar adiante nenhuma das suas tentativas de relacionamento. A morte, a traição e o ciúme abreviavam cada passo em direção à melancolia de uma busca pontuada por alegria e tristeza, prazer e dor.
Autor vencedor do Prêmio Camões (2000) e do Prêmio Machado de Assis (2008).