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O Arthur que dá título é nada menos que Arthur Conan Doyle, médico e escritor, criador de Sherlock Holmes. No livro, ele contracena com George Edalji, um advogado contemporâneo do escritor. O romance começa como um par de biografias alternadas dos personagens principais. De um lado, está Arthur, o garoto cheio de sonhos que adorava ouvir as histórias que sua mãe contava à beira do fogão, atleta promissor e aluno brilhante. Do outro, George, o filho de um vigário de origem indiana, desprovido de imaginação, pobre, míope e sem amigos. Arthur cresceu disposto a melhorar de vida para poder dar à família uma vida mais confortável. Ele investiu em sua carreira profissional e formou-se médico. Ironicamente, a oftalmologia não lhe trouxe dinheiro ou renome. Mas foi no consultório vazio, à espera de um paciente, que ele começou a criar suas narrativas e deu vida ao detetive Sherlock Holmes. Conan Doyle já era um escritor de renome quando George é acusado de escrever cartas ameaçadoras para sua própria família e de mutilar animais da vizinhança. Mesmo sem provas, George foi preso, julgado e condenado a sete anos de prisão. Saiu da cadeia depois de três anos, mas viu-se no limbo por não poder atuar mais como advogado. Apesar de livre, continuava sendo visto como culpado. Precisava reverter a situação e, assim como milhares de leitores, resolveu apelar para o criador de Sherlock Holmes. O escritor encontrava-se em estado letárgico quando recebeu a carta de George. Arrasado pela morte da mãe de seus dois filhos e consumido pela culpa de ter mantido um amor platônico nos últimos anos de vida da mulher, Conan Doyle se recupera da apatia provocada pelo luto dedicando-se com afinco à recuperação da honra do desconhecido advogado do interior. A partir deste momento, Julian Barnes banca o próprio detetive. Procura a solução do crime, que foi baseado na história verdadeira de George Edalji, ocorrida no início do século XX. Além de mostrar o envolvimento de Conan Doyle no caso, o escritor inglês oferece ao leitor a narrativa completa da vida do criador de Sherlock - até os últimos anos, quando o britânico envolveu-se profundamente com o espiritismo. O cuidado de Barnes com os detalhes na história de Arthur & George seria digno de elogios de Sherlock Holmes. O resultado é um retrato vívido da sociedade inglesa do início do século XX e uma homenagem àquele que ainda é um dos mais populares autores do país