Seu carrinho está vazio no momento!
O nome dela era Aurora. Ou melhor, era assim que ela resolvera se chamar. Aurora, como queria a parteira e madrinha Ifigênia. Aurora adorava perguntas, vivia sempre com um ponto de interrogação na ponta da língua. Queria conhecer tudo e saber de mais ainda. E a lista de porquês, comos e quês ia lá longe. Era tanta pergunta, que a avó interrompia a costura a toda hora e, sempre atarefada, reclamava bastante. Tudo isso acontecia lá pelos lados do rio São Francisco, perto de uma velha ponte de arcos e de cujas águas saía o pequeno Indaiá, riacho cheio de dourados e surubins, lá no interior das Minas Gerais. Bem no início desta história, nas ruas esburacadas só existiam alguns postes que saíam pingando uma luz amarelada sobre as poças. A cidade era perdida no meio do mapa, quase esquecida. Assim, entre pedaços de bolo de fubá, queijo curado, canecas de leite adoçado com rapadura e canela, biscoitos de polvilho azedo, panela de ferro, fogo de lenha, abacateiro carregadinho de fruta, queijadinha, e bala de mel com laranja, nos chegam as comoventes memórias de Aurora, e da grande aventura de sua infância. 'A menina que não viu o fim do mundo' mostra que a autora acredita nas palavras e na capacidade que elas têm de construir sonhos.