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Aos 50 anos, Enzo, um engenheiro civil desempregado, optou pelo autoexílio. Espelhando-se em um jovem conhecido que havia desaparecido misteriosamente, abandonou a família enquanto todos dormiam. Antes visto como um homem sóbrio, fino e educado, agora ele cria enigmas particulares e ameaça levar seus dramas às últimas consequências.
O sumiço de Enzo dá início a uma crise que expõe a hipocrisia de sua família. À distância, ele passa a seguir, pelas ruas de São Paulo, a mãe e seu primogênito, Lúcio. É desta maneira que descobre segredos até então ocultos.
Enzo continua mantendo contato por cartas e telefone com Júlio, seu irmão mais velho, um professor universitário com quem tem uma convivência difícil. É por meio dessa relação mal resolvida, cheia de ressentimentos, que Enzo explica sua revolta contra a esposa, Queila, assessora de imprensa ocupada e insatisfeita, e o pai, fascinado por carros antigos e de quem os filhos legaram apenas a Teoria da Hierarquia dos Faróis (segundo a qual era possível avaliar a excelência de um veículo pelo poder de suas lanternas).
A gaiola de Faraday é um dispositivo para-raios potente e sofisticado. A expressão usada pelo autor remete à vontade frustrada de Enzo de construir um ambiente de segurança afetiva para a sua família. Distante e à espreita, ele se torna um fantasma cada vez mais incômodo e prestes a perder o controle.
O romance A Gaiola de Faraday recebeu em 2002 o prêmio de Ficção do Ano da Academia Brasileira de Letras.